Todos sabem da necessidade de lidar com questões financeiras ao longo da vida. Como agentes econômicos, todas as nossas decisões sobre esse assunto terão algum tipo de impacto na existência de cada um e na sociedade, seja agora ou daqui alguns anos.
É muito comum acreditar que a vida financeira de uma pessoa começa na idade adulta, no entanto, é preciso lembrar que a educação financeira é importante em todas as fases da vida, pois aprender desde cedo ajuda a criar hábitos e compreender comportamentos para mais tarde fundamentá-los.
A educação financeira, quando realizada desde a infância, ajuda a construir o modo como pensamos nossa forma de estar no mundo. Considerar o ponto de vista econômico, significa olhar com atenção para a forma como certas escolhas se refletem no que somos, entendendo que elas trazem consequências para a família, para o entorno, para todo o sistema econômico e para o ecossistema. Afinal, as decisões econômicas não dizem respeito apenas ao indivíduo que as toma, mas fazem parte de uma grande cadeia de relações interconectadas.
Trabalhar os princípios da educação financeira implica em desenvolver uma gama de habilidades que não se restringem ao conhecimento da matemática. Por se tratar de um tema transversal, é preciso dialogar com diversas disciplinas do currículo escolar, seja no ensino fundamental seja no ensino médio, de forma a possibilitar ao estudante compreender como concretizar suas aspirações e estar preparado para as diversas fases da vida.
Há ainda os fatores psicossociais que envolvem o processo de tomada de decisões financeiras e esses encontram na escola um ambiente propício para serem trabalhados, pois é o lugar onde as crianças e jovens desenvolvem sua capacidade de viver em sociedade e começam a construir as escolhas que influenciarão na realização de seus sonhos, além de perceber mais claramente como as suas atitudes influenciam no coletivo.
A família também deve fazer a sua parte explicando para a criança ou jovem, os porquês de suas decisões e o modo como estas impactarão em sua vida e na dos demais membros. Essa perspectiva pode ser benéfica não só para a formação da criança, mas também para que os adultos tenham a oportunidade de refletir melhor sobre suas escolhas antes de justificá-las, tornando a gestão financeira da família um processo mais consciente e colaborativo.
É importante lembrar que o exercício da cidadania perpassa a consciência financeira, por isso é tão importante pensar, refletir e apoiar ações que ajudem a criança e o jovem a tomar decisões financeiras mais autônomas e conscientes e para isso é preciso educar para consumir e poupar de modo ético, consciente e responsável; oferecer conceitos e ferramentas baseadas em mudanças de atitudes; ensinar a planejar a curto, médio e longo prazos; desenvolver a cultura da prevenção; possibilitar a mudança da condição atual; formar para a disseminação e multiplicação desses princípios.
É importante incentivar e estimular comportamentos de consciência e cidadania tanto no âmbito individual quanto no âmbito social. No individual, as crianças e adolescentes podem aprender:
1. Planejar a vida financeira e viver de acordo com esse planejamento;
2. Pagar impostos e contribuições;
3. Compreender e exercitar os cinco Rs do consumo consciente: refletir, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar o que consumir;
4. Doar objetos não mais utilizados;
5. Pesquisar preços;
6. Dar preferência de compra e investimento a empresas e estabelecimentos regularizados e com responsabilidade socioambiental;
7. Avaliar opções de poupança e decidir-se pela melhor, de acordo com as necessidades.
No social:
1. Exigir a nota fiscal;
2. Manusear responsavelmente o dinheiro;
3. Acompanhar e fiscalizar as ações do Estado;
Portanto, atuando juntas nessa direção, escola e família estarão contribuindo para a saúde financeira de cada futuro adulto e também para uma sociedade na qual seja possível viver melhor.
Para quem tiver interesse em se aprofundar mais no assunto, sugerimos a consulta ao site da ENEF – Estratégia Nacional para Educação Financeira. http://www.vidaedinheiro.gov.br/para-criancas-e-jovens/